O aquecimento global poderá mudar radicalmente a geografia da agricultura brasileira, provocando uma drástica redução de áreas úteis agricultáveis, a migração de lavouras de um Estado para o outro, ameaçando emprego e renda e jogando para o alto os preços dos alimentos no mundo a partir de 2020. Esta é a conclusão de um levantamento realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e pelo Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Universidade Federal de Campinas. A pesquisa avaliou o impacto do aumento da temperatura nas culturas de algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, feijão, mandioca, milho e soja, que, juntas respondem por 86,17% do total da área plantada no país. Com exceção da cana e mandioca, todas sofreriam queda na área de baixo risco de plantio e no valor da produção. Para Rodrigo Pontes, assessor técnico da FAEMG, com a tecnologia e a ação humana, é muito difícil precisar o que vai acontecer na agricultura daqui a 50 ou 70 anos, mas os estudos climáticos são válidos porque chamam a atenção para a necessidade de mudanças.