As agroindústrias de suínos e frango vão antecipar para essa semana os carregamentos de milho de Mato Grosso e Paraná, devido à previsão de paralisação dos caminhoneiros, que está marcada para o dia 25. O risco de greve preocupa empresas e produtores. Em função da seca, o estado deve importar 1,8 milhão de toneladas de milho em 2012, 800 mil a mais que o habitual. Mesmo com a declaração por parte das associações gaúchas representantes dos caminhoneiros garantirem que não pretendem aderir ao movimento nacional, o Estado depende de insumos que vêm de fora.
A orientação do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado do Rio Grande do Sul (Sips) e a Associação Gaúcha da Avicultura (Asgav) é de que as agroindústrias que puderem e conseguirem antecipar as suas cargas, que não hesitem em fazê-lo. Segundo Osmildo Bieleski, presidente do Sips, a greve é mais um problema para o setor, que é dependente do milho de outros estados. “Já que tivemos quebra de 50% aqui. Só não vai prejudicar as exportações porque o setor no Estado não vai fazer greve e os carregamentos saem daqui.”, relata Osmildo. Preocupado com a paralisação, o diretor-executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos, espera que ela não se estenda: “Mais esse problema agora. Além dos preços altos da alimentação e o valor do frango baixo, se não chegar comida, como vamos fazer?”
No caso dos grãos, a maior parte da safra já foi escoada O problema passou a ser no deslocamento do arroz, que abastece praticamente todo o país. Para Carlos Cogo, analista de mercado, cerca de 50% do cereal ainda estão no Rio Grande do Sul, com risco de atraso nas entregas caso a greve se mantenha.
No setor de carne bovina, ainda não existem grandes preocupações. A princípio, é só um grande dia de paralisação. “De forma geral, se houvesse mais dias de greve, com certeza o setor seria afetado, já que importamos do Centro-Oeste cerca de 10 mil toneladas mensais”, relata o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle.
Benedito Pantalhão, presidente da Associação Nacional dos Caminhoneiros, confirma a possibilidade da greve se estender, mas tudo depende da atenção que o governo vai dispensar às demandas da categoria. Eles reivindicam a redução no preço dos pedágios e uma reavaliação da Agência Nacional de Transportes Terrestres dos registros das empresas transportadoras, que estão sendo constituídas por motoristas autônomos com base em um novo sistema definido pelo governo federal.