Manejo reprodutivo de equinos: entenda cada etapa e potencialize a criação!

Manejo reprodutivo de equinos:

Sabemos que a espécie equina possui diversas particularidades em relação à sua reprodução. Um dos principais exemplos é o comportamento sexual das éguas, já que são animais poliéstricos estacionais. É por isso que, para ter sucesso, e principalmente eficiência, é preciso cuidar de cada etapa do manejo reprodutivo de equinos com cuidado e estratégia.  

Uma criação que pretende alcançar resultados satisfatórios deve investir em todas as etapas do manejo reprodutivo de equinos. Afinal, é a sua adoção que vai permitir a produção e seleção dos melhores animais. Em resumo, o manejo reprodutivo de equinos é importante para: 

  • fazer um bom controle sanitário de doenças; 
  • aplicar biotécnicas reprodutivas; 
  • selecionar os melhores animais; 
  • garantir o retorno da fêmea ao estro em um tempo menor; 
  • obter mais potros em um menor período de tempo.

Entender sobre a sua fisiologia, ciclo estral, as principais biotécnicas, a importância de um acompanhamento gestacional e claro, a influência da nutrição é essencial para garantir o nascimento de potros desejados. Por isso, neste artigo vamos explicar as principais etapas do manejo reprodutivo equino e porque são importantes. Confira! 

Conhecer a fisiologia

Antes de iniciar um programa de manejo reprodutivo de equinos é preciso conhecer a fisiologia dos animais e entender como cada processo ocorre. Tanto nas fêmeas, como nos machos. A seguir, confira os principais aspectos. 

Exame ginecológico

O exame ginecológico é importante para conhecer a estrutura reprodutiva interna da égua. Ele pode ser feito por meio da palpação retal e, também, com o auxílio da ultrassonografia para garantir melhor visualização. Nesse exame, o médico veterinário deve observar possíveis alterações no trato reprodutivo e nos órgãos. Veja de forma resumida, o que observar durante o exame! 

Útero

O útero da égua é um músculo tubular unido à vagina e às tubas uterinas. Possui uma forma semelhante a um T ou Y e é considerado bicorno. Já o corpo do útero de uma égua primípara, ou seja, que ainda não teve um parto, mede cerca de 18-20 cm de comprimento por 8-12 cm de diâmetro. Já as éguas multíparas e mais velhas tendem a ter úteros maiores. 

O útero está ligado à região lombar da égua pelo ligamento largo, que sustenta os ovários, as tubas e o útero. A cérvix é uma estrutura semelhante a um esfíncter, com dobras da mucosa e alças que se projetam caudalmente para o interior da vagina permanecendo  fechada, exceto durante o estro e o parto. 

Durante a realização da ultrassonografia é possível observar a dinâmica placentária. Além disso, o médico veterinário pode ver a influência sofrida por cada uma das fases do ciclo estral da égua. 

Ovidutos

Os ovidutos estruturas contínuas, também conhecidas como tubas uterinas, e medem entre 25 a 30 cm. São contínuas em relação aos cornos uterinos e estão em posição anatômica bem próxima ao ovário. 

Esses ovidutos são divididos em três partes: istmo (que forma uma papila ao penetrar no corno uterino), seguido pela ampola (local onde ocorre a fecundação) e o infundíbulo (intimamente associado ao ovário), possuindo fímbrias, que capturam o óvulo e o direciona para o seu interior. 

Ovários

As éguas possuem  2 ovários que ficam localizados próximos à quarta e quinta vértebras lombares e são sustentados pelos ligamentos largos. O seu formato se assemelha a um grão de feijão. 

É interessante observar que na época de inatividade reprodutiva (outono/inverno), os ovários da égua medem cerca de 2-4 cm de comprimento e 2-3 cm de largura. São também duros à palpação, devido à ausência de atividade cíclica. Já no período de atividade reprodutiva (primavera/verão), aumentam de tamanho medindo 5-8 cm x 3-4 cm e se tornam mais macios à palpação. 

Ciclo estral

As éguas são consideradas animais poliéstricos estacionais, ou seja, podem apresentar repetidos cios em uma mesma época do ano. Nesses animais, esse período ocorre no final da primavera e início do verão. O que corresponde aos meses de outubro a fevereiro em países do hemisfério sul, quando há maior incidência de luz solar.

Isso ocorre porque o animal necessita de mais luminosidade para apresentar o cio pois a luz inibe a glândula pineal a produzir a melatonina, que é o hormônio responsável pela regulação dos ritmos do corpo, relógio biológico e sono.

Já o GnRH, que é o hormônio que libera a gonadotrofina atua na adeno-hipófise, provocando a liberação de LH (hormônio luteinizante) e o FSH (hormônio estimulante do folículo), que produz o estrogênio. Dessa forma,  há um desenvolvimento máximo do folículo e consequentemente um pico de estrogênio (estimula a receptividade da égua), próximo a ovulação, levando a égua ao cio.

O ciclo reprodutivo da fêmea equina se divide em, basicamente, 3 etapas:

  • Estro: maior receptividade ao macho, é o momento em que o trato genital da égua se prepara para receber espermatozoides e inicia a ovulação e dura em média 7 dias, podendo variar entre 2 e 12 dias. 
  • Diestro: período durante o qual a égua não aceita o garanhão. O seu trato genital se prepara para receber e gestar o embrião. Para isso, secreta progesterona, que induz a rejeição do macho; 
  • Puberdade: fase da vida reprodutiva marcada pelo início da atividade sexual. A égua alcança a puberdade entre 1 e 2 anos, recomenda-se a monta a partir de 2 anos. 

Um dos grandes desafios do manejo reprodutivo de equinos é saber o momento certo que a égua entra em estro. De toda forma, o animal demonstra alguns sinais de que está no período de estro, como: 

  • Olhos brilhantes
  • Cauda levantada
  • Relincha a procura de macho
  • Maior frequência de urina
  • Movimento do clitóris
  • Vulva inchada

Outra forma de identificar o momento certo para a inseminação ou monta é fazer a avaliação da dinâmica folicular e presença do corpo lúteo com auxílio da ultrassonografia. Dessa forma, é possível obter mais precisão na aplicação das biotécnicas.

Exame andrológico

O exame andrológico em equinos é extremamente importante para avaliar as condições clínicas gerais e as reprodutivas dos machos. A análise do potencial reprodutivo deve acontecer sempre antes de iniciar a estação de monta para garantir que o manejo reprodutivo de equinos seja adequado. Assim, esta é uma etapa fundamental na seleção dos reprodutores e no acompanhamento de seu desempenho reprodutivo.

De tal modo, esse exame deve seguir as seguinte etapas: 

  • Identificação do animal e do proprietário: o nome, raça, idade, peso e registro do equino. Assim como, nome, endereço, telefone e nome da residência do proprietário; 
  • Exame do animal: levantamento de informações médicas sobre o animal; 
  • Avaliação clínica geral: nesta etapa, normalmente, verifica-se os parâmetros: respiratório, cardíaco, digestivo, aprumos, sensibilidade na coluna e membros. 
  • Exame específico: é preciso analisar o prepúcio, o pênis, os testículos e a bolsa escrotal. É preciso, desse modo, sempre verificar se estão livres de escaras, edema, hematoma, lesões, feridas, cicatrizes, bernes, varicocele ou qualquer tipo de alteração; 
  • Análise do sêmen: depois da coleta são analisados volume, cor, aparência, viscosidade, motilidade, vigor espermático, concentração e pH do material; 
  • Análise do sangue: é investigada, principalmente a presença de Anemia Infecciosa Equina (AIE). 

Aplicação de biotécnicas reprodutivas

Depois de entender sobre a fisiologia reprodutiva de éguas e garanhões, a próxima etapa do manejo reprodutivo de equinos deve ser programar como vai ser a fecundação: monta natural ou aplicação de biotécnicas reprodutivas. 

A monta natural é o método mais tradicional, no entanto, nem sempre é capaz de atender às expectativas do criador. Afinal, falhas podem acontecer principalmente em relação à interação entre os animais, assim como a limitação de fecundar diversas fêmeas de uma única vez. 

É por isso que algumas biotécnicas são essenciais para a eficiência reprodutiva.  Conheça um pouco sobre as mais utilizadas a seguir:

  • Inseminação Artificial: consiste na deposição do sêmen de um garanhão no trato reprodutivo no momento mais adequado. Várias éguas podem ser inseminadas de uma única vez. 
  • Transferência de embriões: um ou mais embriões são gerados em uma fêmea de alto potencial genético e o material é transferido para uma égua barriga de aluguel. Com isso, aumenta-se o número de potros geneticamente superiores a partir dos mesmos animais doadores. 
  • Fertilização in vitro: ainda pouco utilizado mas consiste na fecundação em laboratório do material de uma égua e um garanhão para obtenção de animais superiores e, em seguida, é posto no trato reprodutivo de uma fêmea barriga de aluguel. 

Diagnóstico gestacional e sexagem fetal

A realização do diagnóstico de gestação precoce é bastante utilizada na reprodução de equinos para identificar o sucesso da aplicação de biotécnicas para a obtenção de mais potros. Além disso, no manejo reprodutivo de equinos, quanto antes se identificar uma gestação, mais tempo o produtor pode adotar medidas específicas como manejo nutricional. Ou, então, retornar com a égua para o programa de reprodução e tentar novamente a fecundação antes que a estação de monta termine.

O método mais tradicional é a palpação retal, com o qual é possível identificar a gestação por volta dos 45 dias. Com o auxílio da ultrassonografia básica (em modo B), é possível observar a presença ou não de embrião em aproximadamente 29 dias após a inseminação. Já em métodos mais avançados de ultrassonografia, com o auxílio do doppler, o médico veterinário consegue identificar a gestação a partir do 19° de gestação. O que representa redução de tempo e custo para o criador. 

A realização da sexagem fetal tem sido bastante utilizada no manejo reprodutivo de equinos. A identificação do sexo do embrião é útil principalmente para comercialização de fêmeas receptoras com prenhez de um determinado sexo.

A sexagem fetal realizada a partir da identificação do tubérculo genital deve ser feita no período entre 55 a 70 dias após a data provável de fecundação.

Esse exame identifica o processo embrionário que dá origem ao pênis nos machos e ao clitóris nas fêmeas. Esse tubérculo migra de acordo com o sexo do feto enquanto ocorre o desenvolvimento embrionário. 

Programa nutricional para o manejo reprodutivo de equinos

Por fim, o último dos aspectos que deve ser levado em conta em um programa de manejo reprodutivo de equinos é a nutrição

É a alimentação equilibrada que garante que o animal tenha todos os nutrientes necessários para a formação de ossos, músculos, tecidos e também pelas transformações bioquímicas em seu corpo. Um animal bem nutrido é capaz de desempenhar suas atividades de forma adequada. 

Além disso, a nutrição garante que o processo reprodutivo corra do modo esperado. Os equinos necessitam de uma dieta balanceada para manifestar seu comportamento sexual da forma esperada. Assim como as éguas gestantes precisam estar bem nutridas para levar a gestação com segurança. É a alimentação adequada que garantirá que o animal retorne ao peso ideal após o parto e retorne a atividade reprodutiva no momento certo. 

Gostou de entender um pouco mais sobre o manejo reprodutivo de equinos? Para dominar todas essas etapas é preciso investir em uma capacitação completa. Por isso, confira essa dica para médicos veterinários: 

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Fonte: Blog do Mundo Veterinário e Revista Científica de Medicina Veterinária