Com o crescimento da pecuária brasileira, a procura por material genético de melhor qualidade também aumentou. Nesse contexto, a produção de embriões in vitro (PIV) vem se tornando uma biotécnica com alto potencial e rentabilidade. Entretanto, o sucesso somente é obtido quando há conhecimento do profissional em todas as suas etapas, principalmente na aspiração folicular, a OPU em bovinos.
Esta, que é a primeira fase da PIV, é guiada por ultrassom e compreende a obtenção dos óvulos diretamente do ovário das vacas doadoras. Por isso, a OPU tem demonstrado ser uma alternativa promissora para o aproveitamento e a multiplicação de material genético feminino.
Se assim como diversos médicos veterinários você tem interesse em aprender mais sobre o uso a campo da aspiração folicular, continue a leitura a seguir e se aprofunde nas etapas para a realização da técnica de OPU em bovinos. Boa leitura!
Como a OPU em bovinos é realizada
A produção de embriões in vitro envolve as seguintes etapas: aspiração folicular guiada por ultrassom -OPU (Ovum pick-up), maturação ovocitária in vitro (MIV), fertilização in vitro (FIV), o cultivo in vitro e, por fim a transferência dos embriões para as receptoras (inovulação).
Nessa primeira etapa, os folículos ovarianos visualizados no aparelho de ultrassom são penetrados com uma agulha ligada a um sistema de vácuo, aspirando o conteúdo líquido e com ele o óvulo. Estes óvulos coletados são rastreados, selecionados e envasados para envio a um laboratório para a produção dos embriões.
Cuidados que antecedem a aspiração folicular
Antes de mais nada e para ter segurança na OPU em bovinos, é preciso uma avaliação criteriosa nas fêmeas. Devem ser analisados o padrão genético, a produtividade e as características ovarianas. Os resultados devem ser satisfatórios para iniciar a aspiração folicular.
Para que isso ocorra, algumas etapas fundamentais devem ser de conhecimento do médico veterinário, como, por exemplo, manter um bom manejo nutricional às fêmeas doadoras. Esses animais devem receber cuidados especiais no que diz respeito à higiene, conforto no ambiente onde ficam (piquetes e baias) e, principalmente, alimentação.
O planejamento alimentar de uma fêmea bovina precisa atender suas necessidades de mantença, suprindo todos os minerais e fontes de energia e proteína necessárias para seu desempenho reprodutivo. Vale ressaltar que qualquer mudança na alimentação deve acontecer de maneira gradual, não sendo recomendado a correção do manejo nutricional ou a introdução de outra fonte de alimento ao menos 2 meses antes dos trabalhos de aspiração.
Diante de um alto custo para a produção de embriões in vitro, deve-se estar preparado para selecionar a doadora da maneira correta. Devem ser levados em consideração requisitos como linhagem, registro genealógico, premiação em pista, produção (carne ou leite) provada, produção de filhos comprovada, boa saúde geral e reprodutiva, docilidade, idade reprodutiva e cíclica e ter boa resposta ao tratamento hormonal.
Em geral, fêmeas com baixo escore corporal não dão bons resultados em tecnologias reprodutivas. Todavia, a obesidade também é um fator comprometedor. Além disso, é indicado que as doadoras estejam fora de lactação (seca).
Etapas da técnica de OPU em bovinos
A partir da escolha assertiva da fêmea doadora é chegado o momento de iniciar, de fato, a técnica. O passo a passo constitui em:
- Aplicação ou não de protocolos hormonais;
- Aspiração ovariana;
- Rastreamento e lavagem dos ovócitos;
- Classificação dos oócitos;
- Envase e transporte;
- Fecundação e transferência de embriões.
Tratamento hormonal
Normalmente não se utiliza protocolos de tratamento hormonal para aspiração folicular em doadoras que são aspiradas com frequência. Porém, animais com elevado mérito genético, como novilha, animais em lactação ou em idade avançada, podem apresentar constantemente um baixo número de folículos, sendo necessário realizar um tratamento hormonal prévio para aumentar o número destes folículos no dia da aspiração.
Nesses casos, o protocolo sugerido tem como princípio a indução a emergência sincronizada de uma nova onda de crescimento folicular 4 dias após a colocação do implante, empregando-se ou não hormônios estimulantes do crescimento folicular.
Aspiração ovariana
Após a aplicação ou não de protocolos, o preparo inicial para a aspiração ovariana consiste na contenção, sedação e anestesia do bovino. Com o aparelho de ultrassonografia, acoplado a uma sonda setorial intravaginal bifrequencial e dispositivo de guia para agulha de biópsia, introduz-se a sonda na vagina do animal, e os ovários são manipulados por via retal, para a visualização dos folículos no monitor do equipamento.
Ambos os ovários devem ser perfurados na região dos folículos e o líquido folicular aspirado. Para o rastreamento dos oócitos, são utilizadas uma lupa estereoscópica e uma pipeta para o recolhimento e transferência de uma placa para outra. À medida que os oócitos vão sendo encontrados, são transferidos um a um para a placa menor contendo meio de lavagem.
Classificação ovariana
É importante salientar que os ovócitos coletados devem ser contados e classificados entre grau I, II, III e IV de acordo com suas características. Apenas são viáveis os que forem incluídos na classificação de I a III.
Envase e transporte
O método de transporte que o médico veterinário irá escolher pode variar de acordo com a distância do local da aspiração até o laboratório. Algumas opções são no próprio tubo de coleta, através do sistema de bolsa gaseificada, em palhetas ou pelo sistema de transporte em criotubos gaseificados.
Transferência de embriões
Por fim, pode ser feita a transferência dos embriões (TE) para as fêmeas receptoras, que levarão a gestação a termo. Se a TE já proporciona um melhor aproveitamento de matrizes de elevado mérito genético, com a aspiração de oócitos imaturos diretamente dos folículos ovarianos, associada à maturação, fecundação, e cultivo in vitro destes embriões, permite que sejam produzidas, em média, 36 crias por ano oriundas de uma única fêmea.
Vantagens da OPU em bovinos
Sem dúvidas, a principal vantagem da aspiração folicular é produzir um maior número de bezerros com alto valor genético por ano. Além disso, a OPU também possibilita um menor intervalo entre as coletas, maior resistência à criopreservação (congelamento do embrião), facilidade de comercialização do embrião, aproveitamento de animais jovens demais ou mais velhos que não seriam utilizados naturalmente para a prenhez e tantos outros benefícios.
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Fontes: Curso de Aspiração Folicular; B. M,S,M; Shop Veterinário; CPT Cursos Presenciais.