Formulação de dietas para bovinos: 4 passos essenciais para ter sucesso

formulação de dietas para bovinos

O conhecimento sobre as exigências nutricionais das diferentes categorias animais, pode fazer muita diferença nos índices produtivos e econômicos da pecuária. Por isso, um manejo nutricional eficiente exige que a formulação de dietas para bovinos seja adequada. São estratégias alimentares e econômicas que quando bem combinadas, podem resultar em máxima nutrição a baixo custo.

A formulação de dietas para bovinos é um dos procedimentos mais importantes do sistema de produção, pois, influencia diretamente na saúde e desempenho produtivo e reprodutivo desses animais. Mas o planejamento da mesma deve ser cauteloso e certeiro, visto que a alimentação é responsável por grande parte das despesas na produção de gado, uma vez que representa mais de 70% do custo total. 

Sendo assim, o bom profissional deve ter muito conhecimento técnico de nutrição, das necessidades de cada categoria e de como balancear perfeitamente a dieta. Ele também deve conhecer as ferramentas do manejo racional da alimentação para buscar a máxima eficiência da produção sem comprometer a lucratividade.

Pensando nisso, preparamos para você os passos mais importantes para a formulação de dietas para bovinos.

Em resumo, podemos listar os principais passos para a formulação de dietas para bovinos da seguinte forma:

  1. Entender as exigências nutricionais dos animais: por raça, objetivo e fase da criação;
  2. Conheça os alimentos disponíveis e sua composição
  3. Saiba como balancear os ingredientes
  4. Controle a quantidade de alimentos
  5. Utilize dietas personalizadas

A seguir, vamos explicar cada um desses passos! Continue a leitura!

1- Entenda as exigências nutricionais dos animais

Antes de formular a nutrição correta, o primeiro passo é conhecer as exigências nutricionais do animal. Ou seja, qual a quantidade diária de cada nutriente que o animal deve ingerir para sua manutenção, crescimento, reprodução e produção. 

A exigência nutricional de cada animal varia de acordo com diversos fatores como: raça, peso vivo, idade, fatores ambientais, categoria, estado fisiológico ou nível de produção desejada. 

Sendo assim, a nutrição de um vaca em lactação e uma não lactante, ou de uma novilha e um garrote, por exemplo, são bastante diferentes. Por isso, até mesmo dentro da mesma categoria é preciso separar os animais de acordo com as fases que se encontram e suas necessidades específicas. A partir disso e levando em consideração os objetivos do sistema produtivo, é que será possível elaborar uma boa estratégia nutricional.

Exigências gerais dos bovinos

As exigências gerais do bovino são de água, minerais, proteínas, energias, vitaminas e alguns nutrientes como as fibras. Estes últimos são fundamentais para o bom funcionamento do sistema digestório e não podem ficar de fora da dieta. 

Atenção especial deve ser dada a água, já que ela é essencial ao animal. Portanto, deve estar sempre fresca, limpa e disponível para os bovinos.

 A quantidade vai variar de acordo com o consumo de alimentos, condições fisiológicas ou a temperatura ambiente. Em geral costuma ser de 10 a 12 litros para cada 100 kg de peso vivo, mas a recomendação é que ela seja ofertada em livre demanda. A qualidade também faz toda a diferença para evitar qualquer tipo de contaminação.

Atualmente é possível encontrar tabelas sobre as exigências diárias para cada tipo de criação e até mesmo fórmulas para estimação do consumo de alimentos. No Brasil, as mais usadas são produzidas pelo National Research Council (NRC) dos Estados Unidos da América.  

Essas tabelas possuem duas ou três entradas e levam em consideração o peso vivo do animal e o teor de energia líquida da dieta. Possuem dupla ou tripla entrada, para encontrar a combinação ideal para cada caso. No título, se encontra as categorias animais e nos subtítulos, os critérios como peso vivo, ganho diário e consumo, além dos nutrientes e características dos alimentos.

Para evitar erros na formulação da dieta e garantir uma boa nutrição aos bovinos, o mais indicado é consultar esse tipo de tabela e sempre contar com profissionais experientes e qualificados na área.

2- Conheça os alimentos disponíveis e sua composição

Um passo indispensável para a formulação de dietas para bovinos é conhecer quais as fontes de alimento estão a disposição e a composição nutricional de cada uma delas. 

Para minimizar os custos com transporte ou armazenamento, é fundamental investir em fontes de alimentos locais. A utilização de subprodutos como resíduos da agroindústria (bagaço de cana ou melaço de soja, por exemplo) também podem ajudar a reduzir custos dependendo da região onde o confinamento está.

Feito isso, é hora de traçar uma meta nutricional e econômica através de muita programação e cálculos. Esse momento exige muito cuidado e atenção para que os benefícios à lucratividade não comprometam o desempenho do animal.

Por isso, na hora de escolher, o ideal é conhecer o teor de nutriente do alimento e seu custo total para calcular o custo unitário dos nutrientes, principalmente das proteínas e energia. Assim, o que tiver o menor custo deve ser usado em maior quantidade para gerar lucratividade. 

O cálculo do custo unitário do nutriente (CUN) pode ser feito dividindo o preço de 100 kg de alimento (p) por 100 vezes a percentagem de matéria seca do alimento (pm) vezes a percentagem do nutriente (pn) ou base seca.

cálculo de custo unitário

No entanto, além das pesquisas sobre os preços disponíveis, atenção especial deve ser dada a qualidade de todos os alimentos antes de incluí-los na dieta. Lembre-se, o objetivo maior é combinar alimentos com menor custo, desde que tenham a melhor qualidade, entre os ingredientes mais baratos. 

 Por isso, pesquise sempre a composição de cada alimento e sempre que possível submeta amostras dos alimentos à análises nutricionais.

3- Saiba como balancear os ingredientes

Os ingredientes da dieta vão variar de acordo com o tipo de produção, categoria, estação do ano, condições do ambiente e demais peculiaridades já vistas anteriormente. Porém, o ideal é fazer uma combinação de volumosos, concentrados, sal mineral e muita água.

Os alimentos volumosos são aqueles que têm alto teor de fibra, mas baixo valor energético. Os mais utilizados no país são: pastagens, silagens de milho, sorgo ou capim e cana-de-açúcar. 

No entanto, somente esses alimentos não são capazes de suprir as necessidades nutricionais dos animais limitando a produção ou até mesmo a manutenção dos mesmos. É aí que entram os alimentos concentrados, eles servem para suprir as deficiências nutricionais e ajudar a elevar a produção.

Os alimentos concentrados são um tipo de suplementação com baixo teor de fibra e alto valor energético. Farelos de girassol, trigo,arroz e mandioca, sorgo, soja crua, grãos de cereais, caroço de algodão, são exemplos de insumos utilizados nos concentrados. Geralmente são compostos por suplementos energéticos, vitamínicos, protéicos e minerais.

Saber balancear os ingredientes de uma dieta de acordo com as necessidades de cada animal é fundamental para quem deseja elevar a produção e a lucratividade

Cálculos e métodos

Existem diversos cálculos e métodos para balanceamento de uma ração concentrada. Todos eles, sejam manuais ou computadorizados, devem levar em consideração as exigências nutricionais dos animais para os quais se deseja balancear a ração. 

Em seguida, fazer um levantamento dos alimentos disponíveis para relacionar a composição e o valor energético dos mesmos, de acordo com os nutrientes de interesse. Depois de todo esse levantamento, é preciso ainda balancear a ração para a proteína bruta e energia e no final verificar se todas as exigências foram atendidas.

4- Controle a quantidade de alimentos

Além do cuidado na escolha dos alimentos, a proporção deles também é muito relevante. O desajuste na quantidade de alimentos ofertado entre um dia e outro pode provocar sérios distúrbio metabólicos, problemas de saúde e no desempenho dos animais.

Por este motivo, é fundamental que o fornecimento de ração passe por um ajuste rigoroso. Essa medida vai ajudar a evitar oscilações de pH no ambiente ruminal ou a sobrecarga nas funções metabólicas dos órgãos do trato digestório.

Uma boa alternativa para balancear a quantidade é observar o cocho todos os dia antes do primeiro trato pela manhã. Esse trabalho, conhecido como “leitura de cocho”, deve ser feito por uma pessoa experiente e treinada que vai avaliar visualmente e registrar a oferta e o consumo da ração, e o comportamento ingestivo dos animais.

 Essas observações são extremamente úteis, pois ajudam a ajustar a quantidade de ração a ser fornecida naquele dia. Além disso, tem relação direta com o desempenho dos animais e o custo da produção, já que evita desperdícios e melhora o consumo dos animais.

Para os bovinos confinados, a recomendação dos nutricionistas é que a dieta seja dividida no mínimo em quatro tratos ao longo do dia. Nos horários mais quentes, o cocho deve permanecer com a menor oferta de alimentos. A maior quantidade deve ser fornecida no último trato, quando o dia já está mais fresco. Cerca de 40% do alimento pode ser reservado para esse horário, já que os animais só vão receber outro trato no dia seguinte.  

Extra: Não use receitas prontas

Atenção: Não adianta encontrar uma receita pronta, que foi usada por outro produtor e deu certo, se as suas variáveis e objetivos são diferentes. O ideal é que a formulação de dietas para bovinos seja estabelecida em conjunto com técnicos para garantir estratégias nutricionais e econômicas mais adequadas para cada tipo de situação. 

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Fontes:

Nutrição de Bovinos de Corte-Embrapa, Educa PointManual prático para formulação de ração para vacas leiteiras-EmbrapaProdução e Manejo de Bovinos de Corte, ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS NA ESTAÇÃO SECA: PRINCÍPIOS E PROCEDIMENTOS- Embrapa.