O uso da ultrassonografia doppler é recente na medicina veterinária, mas de grande relevância. Esse aparelho se mostra importante por apresentar, em tempo real, características vasculares das estruturas avaliadas. Assim, o uso do doppler na reprodução bovina é um campo de aplicação desse aparelho que traz diversos benefícios e deve ser explorado. Para isso, é necessário que médicos veterinários e estudantes da área estejam preparados para analisar corretamente as imagens geradas.
Saiba mais sobre o uso do doppler na reprodução bovina neste artigo!
O que é o modo doppler?
A ultrassonografia doppler é um recurso de grande importância para a medicina veterinária, mesmo que seu uso nessa área tenha se popularizado há pouco tempo. Nesse sentido, o doppler tem grande relevância por permitir que a movimentação de órgãos e tecidos sejam visualizados, possibilitando a determinação do sentido e velocidade do fluxo do sangue nessas estruturas.
Assim, observar essas características se torna possível pelo chamado “efeito doppler”. Esse método diz respeito à variação da frequência dos movimentos, que são avaliadas por um um observador, que alterna sua distância das fontes das ondas sonoras. Dessa forma, possibilita que os profissionais analisem mais detalhes e tenham mais informações, quando em comparação a um aparelho de ultrassonografia em preto e branco (modo B).
Além de permitir seu uso em variadas áreas, o ultrassom doppler possui modelos que têm características próprias e são utilizados de diferentes maneiras.
Doppler colorido
O ultrassom doppler colorido permite que os sons captados gerem imagens em cor, que são alinhadas às imagens dos vasos sanguíneos. Dessa forma, é possível avaliar as características do fluxo sanguíneo nessas estruturas.
Doppler de potência (Power Doppler)
Esse tipo de aparelho de ultrassom fornece imagens que não são geradas por modelos mais simples. Assim, é muito utilizado para visualizar o fluxo sanguíneo de vasos localizados dentro de órgãos específicos.
Doppler espectral (pulsado)
O doppler pulsado se difere dos outros modelos na medida em que fornece informações sobre o fluxo sanguíneo analisado em forma de gráfico. O sinal que é recebido depois da emissão dos pulsos modifica as ondas de frequência em um espectro. Dessa forma, as frequências de deslocamentos são distribuídas em um gráfico.
Aplicações do doppler na reprodução bovina
Esse tipo de ultrassonografia pode ser usado nas mais diversas áreas. Assim, as aplicações do doppler na reprodução bovina são variadas e são de grande auxílio ao manejo desses animais. Nesse sentido, pode-se citar seu uso em diagnósticos gestacionais, nas sexagens fetais, na Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), dentre outras circunstâncias.
Uso do doppler no diagnóstico de gestações
Com o uso de um aparelho de ultrassom convencional, as gestações bovinas podem ser confirmadas ou descartadas 29 dias após a fecundação. Com o uso do doppler na reprodução bovina, porém, esse tempo é reduzido a 20 dias. Essa situação é possível graças à possibilidade de avaliar a irrigação sanguínea do útero das fêmeas.
Desde a sua implantação, já se pode perceber o fluxo sanguíneo do embrião. Além disso, o doppler também auxilia na análise da vascularização do corpo lúteo. Assim, seu uso se mostra relevante no diagnóstico de perdas embrionárias.
Dessa forma, a partir de um diagnóstico feito em menor tempo, a definição de um plano nutricional para as vacas prenhas também é realizada com maior rapidez. Também, com a aplicação do doppler, é possível detectar rapidamente as vacas vazias e logo encaminhá-las a uma nova inseminação.
Avaliação do corpo lúteo
A análise do corpo lúteo é fundamental para se avaliar as gestações. Nesse sentido, a utilização do ultrassom doppler auxilia na observação dessa estrutura.
Na gestação animal, a detecção da regressão ou desenvolvimento do corpo lúteo é de extrema importância para o diagnóstico gestacional. Isso ocorre devido ao fato dessa estrutura se degenerar em casos de prenhezes não efetivas. Contudo, em vacas prenhes, o corpo lúteo se mantém presente e ativo durante toda a gestação.
Com esse aparelho, que gera imagens do fluxo sanguíneo em cores, é possível detectar a presença do corpo lúteo, devido à coloração amarela dessa estrutura, e avaliar as suas características. Por fornecerem imagens em preto e branco, os ultrassons convencionais não permitem esse tipo de análise.
O doppler na reprodução bovina, IATF e transferência de embriões
Graças à possibilidade de detectar ou descartar as gestações de maneira mais precoce, viabiliza-se uma nova inseminação em menor tempo: 24 dias após a primeira IATF. Assim, com o diagnóstico cedido pelo doppler, é possível promover uma ressincronização precoce da ovulação das fêmeas da fazenda.
Além disso, como já citado, o doppler permite a análise da funcionalidade do corpo lúteo. Dessa forma, por meio da qualidade da estrutura observada, pode-se selecionar quais as fêmeas mais aptas para receber embriões transferidos.
É indiscutível que a utilização da ultrassonografia doppler na reprodução bovina apresenta diversas vantagens, podendo ser aplicada para diferentes fins. Contudo, dominar as funções desse aparelho e técnicas de análise das imagens geradas é fundamental para o sucesso dos procedimentos que fazem uso do doppler. Para isso, é necessário que os profissionais da área estejam devidamente preparados, para que possam utilizar todos os benefícios que o aparelho possui.
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Fontes: Shop Veterinário 1 , Shop Veterinário 2, Revista Brasileira de Reprodução Animal, Universidade de Brasília, Universidade Federal do Espírito Santo, AGRO em Dia.