O impacto do cisto ovariano em bovinos na eficiência reprodutiva

Cisto ovariano em bovinos

O cisto ovariano em bovinos é uma patologia muito comum nos rebanhos brasileiros que possui um impacto significativo na produção animal, sendo responsável por diminuir a eficiência reprodutiva. 

Para se ter ideia, nos Estados Unidos levantamentos em propriedades leiteiras relatam com frequência que aproximadamente 15% das vacas vão apresentar um ou mais cistos ovarianos durante a lactação.

Mas afinal, o que é o cisto ovariano? Veja a seguir o que é, as causas e consequências e entenda como identificar, diagnósticos, tratamento e complicações mais comuns desse problema.

Cisto ovariano em bovinos

O cisto ovariano em bovinos, é uma doença ovariana cística, secundária, também conhecida como degeneração ovariana ou vacas císticas, sendo uma das mais importantes alterações do ovário. Esta enfermidade é uma manifestação de uma disfunção endócrina que surge como mecanismo de defesa do organismo.

Basicamente pode ser descrita como folículos que não ovulam, mas continuam seu crescimento até alcançar o diâmetro de 20 a 25 mm aproximadamente. Esses cistos podem persistir por um período mínimo de 10 dias e como ausência de corpo lúteo, podendo ocorrer casos isolados ou múltiplos em um ou nos dois ovários ao mesmo tempo.

Muitos tipos de cistos podem se desenvolver no ovário, porém o mais comum é o cisto folicular. Eles são formados devido a falhas no processo fisiológico de regulação da ovulação, que envolve uma comunicação hormonal no  eixo reprodutivo, ou seja, entre o hipotálamo, hipófise e ovários. 

Nas vacas císticas, o estradiol não consegue estimular o hipotálamo a liberar GnRH . Consequentemente, não há pico de LH e ovulação. As duas possíveis causas da deficiência na liberação de GnRH ou de LH são a baixa concentração plasmática de progesterona ou a elevada concentração sérica de cortisol.

As causas do estabelecimento dos cistos estão relacionadas a diversos fatores como:

  • Hereditariedade;
  • Nutrição inadequada;
  • Estresse ambiental;
  • Clima;
  • Tuberculose;
  • Perturbações metabólicas e digestivas;
  • Fasciolose intensa; 
  • Distúrbios puerperais; 
  • Alta densidade populacional; 
  • Excessivo manejo durante o período pré-cobertura.

Além desses, é possível citar o uso indiscriminado de hormônios visando à prevenção desta patologia, que pode levar a infertilidade por um longo período.

Os cistos foliculares podem ser observados em todas as raças bovinas, no entanto são mais diagnosticados nas raças leiteiras devido ao manejo, e aos métodos de tratamento que são mais intensivos nesses rebanhos.

Sinais

Os sinais mais observados são:

  • Cios irregulares e constantes, com manifestação acentuada;
  • Comportamento sexual anormal;
  • Anestro;
  • Ninfomania;
  • Diminuição da produção leiteira;
  • Desenvolvimento de glândulas mamárias em vacas não gestantes;
  • Infertilidade, quando o cisto persiste.

Diagnósticos

Como não se conhece os fatores envolvidos na formação inicial dos cistos ovarianos foliculares em bovinos, ainda não é possível prevenir sua ocorrência. Sendo assim, para diminuir os prejuízos o melhor é identificar e tratar o mais cedo possível.

O diagnóstico desta doença pode ser dado através da anamnese, dando atenção ao histórico de estro, além de exames clínicos, exames ginecológicos para diagnóstico de gestação ou avaliação rotineira de animais vazios ou na observação de alterações comportamentais tais como ninfomania ou anestro. 

Para um diagnóstico preciso, geralmente são necessárias duas avaliações, com intervalo de dez dias. O método clínico mais usual para determinar a enfermidade é a palpação retal, contudo, a ultrassonografia transretal é o mais indicado por ser mais acurado e demonstrar com precisão a presença do problema.

Além desses, é possível utilizar o método da determinação das concentrações plasmáticas de progesterona por meio de técnica de radioimunoensaio (RIE).

Tratamento 

O tratamento de cistos ovarianos em bovinos tem como objetivo induzir a luteinização do cisto e restabelecer ciclos normais. No entanto, é bastante complexo e caro, principalmente para o pequeno produtor.  

Pode ser feito com vários métodos como hormônio luteinizante, hormônio liberador de gonadotrofina, recuperação espontânea, ou com ruptura manual do cisto durante a palpação retal, o que não é muito recomendado, pois pode causar a aderência dos ovários. 

Os prejuízos econômicos dessa enfermidade podem ser altíssimos, já que ela aumenta os dias em aberto do animal, o período de serviço e consequentemente o intervalo entre partos. 

Por isso, é muito importante evitar a reprodução de animais com esse problema, investir na investigação precoce, em alimentação adequada e no controle retal dos ovários ao fim do puerpério. Tudo isso permite um diagnóstico e tratamento precoce e serve para reduzir o impacto dos cistos ovarianos.

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Fontes:

Milk Point, Rehagro, UCB, Shop Veterinário