Ciclo estral em vacas: entenda o que indica cada fase

Na reprodução bovina, não é segredo que o sucesso e a eficiência dependem de estratégias, aplicadas no momento correto. É por isso que, para quem deseja uma maior taxa de prenhez, é essencial entender como funciona o ciclo estral em vacas. Ou seja, o período em que o animal está receptivo sexualmente e apta à fecundação. 

Assim, é fundamental conhecer a fisiologia dos bovinos, identificar cada sinal do estro e tomar as melhores medidas para garantir que a vaca tenha uma gestação o quanto antes. Ainda tem dúvidas sobre este assunto? Confira neste artigo informações importantes sobre fisiologia reprodutiva! 

Início da atividade Reprodutiva

Antes do ciclo estral, é preciso entender quando a fêmea inicia a vida reprodutiva e está apta a produzir bezerros. Sendo assim, o aparecimento da puberdade determina o início da atividade sexual dos bovinos. 

Para as fêmeas, a  puberdade significa a primeira ovulação seguida por um ciclo luteínico normal. Então, elas atingem a puberdade em torno de dez meses de idade. Porém, só devem ser destinados à reprodução quando atingir o peso ideal, que é no mínimo 50% do peso adulto da raça. Isso porque precisam apresentar um porte anatômico adequado à gestação.

Ciclo estral

O ciclo estral é um dos principais aspectos da fisiologia reprodutiva bovina a ser considerado em um programa que visa eficiência. Ele é o período que corresponde ao intervalo entre uma ovulação e a próxima. Sendo assim, ele inicia no dia 0 na ovulação (início) e termina no dia anterior à próxima ovulação.

Desse modo, o ciclo estral das vacas é dividido em quatro fases e tem duração aproximada de 21 dias, podendo variar de 17 a 24 dias. As vacas mais velhas têm intervalo e duração maiores que as novilhas. 

Como as vacas são poliéstricas, elas apresentam vários ciclos no ano que se repetem ininterruptamente até que sejam fecundadas.  A seguir, entenda as fases do ciclo estral.

Proestro ou Pré-cio

Este é o momento em que a fêmea começa a apresentar alterações comportamentais que são identificadas pelo touro ou o rufião. No entanto, podem passar despercebidas pelo ser humano.

Desse modo, o proestro ou pré-cio tem duração aproximada de 3 dias e é a fase caracterizada pelo crescimento folicular final, o aumento da atividade dos órgãos reprodutivos e a regressão do corpo lúteo do ciclo estral anterior, caso não seja o primeiro após o parto. 

Com isso, na vagina e vulva, inicia a hiperemia e edema. A cérvix começa a relaxar e o muco aparece de forma menos viscosa. O útero fica túrgido e aumenta o volume.

Uma característica fundamental desse período é que a fêmea costuma montar em outras, atrai o macho, mas ainda não permite ser montada. 

Outros sinais são:

  • Inquietação;
  • Cauda erguida;
  • Micção constante;
  • Liberação de muco pela vulva;
  • Queda na produção de leite;
  • Relinchar a procura do macho;
  • Diminuição do apetite. 

Estro ou Cio

O cio é o período do ciclo estral  em que a vaca aceita a monta, ou seja, fica parada enquanto é montada. Ele costuma ter duração de 10 a 18 horas apenas, podendo variar dependendo de certos fatores como a raça.

No cio a vaca fica muito agitada e procura outras fêmeas ou até rufiões para montar. Ela se alimenta pouco e há pouca atividade leiteira. O útero fica ainda maior, mais túrgido e erétil. A vulva fica muito inchada, brilhante e libera muco cristalino e transparente. 

É importante destacar que os sinais são basicamente os mesmos do pré-cio, no entanto,  mais intensos, podendo ser facilmente observados pelos humanos. A grande diferença é que nesse período elas aceitam a monta.

Metaestro ou Pós-cio

No estágio do metaestro, se inicia a formação do corpo lúteo e a redução da secreção das glândulas do trato reprodutor feminino. 

Nesse período, a vagina e a vulva ficam pálidas, secas ou com pouco muco. A fêmea fica tranquila, volta a se comportar normalmente e já não aceita mais a monta. O pós-cio tem duração de 2 a 4 dias.

Diestro

O diestro é a fase de maior secreção da progesterona pelo corpo lúteo. Se houver fertilização dos ovócitos e gestação, o diestro é prolongado.

Nesse período a vulva e a vagina ficam mais secas e pálidas. O útero fica flácido, a cérvix fechada, a fêmea tranquila, e com o comportamento sexual ausente.

Essa fase tem duração de aproximadamente 16 dias.

Gestação

Quando acontece o estabelecimento de gestação, a produção de progesterona é mantida pelo corpo lúteo e depois pela placenta. 

A duração da gestação é de aproximadamente 285 dias, podendo variar em 15 dias para mais ou para menos. A raça, idade, tamanho do bezerro e condições externas, são alguns dos fatores que podem ocasionar variações no tempo de gestação.

Melhor momento para inseminação artificial ou monta

Na criação de bovinos, a observação do ciclo estral em vacas e a identificação do estro (ou cio) deve ser uma tarefa prioritária para quem trabalha com inseminação artificial ou monta natural. Dessa forma, as fêmeas devem ser observadas no mínimo duas vezes por dia, no início da manhã e no final da tarde.

O momento ideal para que a fêmea bovina seja inseminada ou coberta é ao final do estro. Assim, vacas observadas em estro (aceitando a monta) pela manhã devem ser inseminadas na tarde do mesmo dia e os animais em estro a tarde devem ser inseminados no início da manhã do dia seguinte. Mas, é importante ressaltar que grande parte das fêmeas, cerca de 70% entra em estro durante a noite, dificultando a observação. Isso reforça a importância de entender todas as fases do ciclo estral em vacas estar preparado para agir. 

Inseminação Artificial em Tempo Fixo em Bovinos

A inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF) é uma técnica que visa suprir essa dificuldade da observação do momento exato do estro para a deposição do sêmen. Ela se  fundamenta na sincronia dos períodos férteis das fêmeas bovinas para todos os animais entrem em estro no mesmo período, facilitando a observação e o manejo. 

Para que a sincronia do ciclo estral de cada animal aconteça são utilizados fármacos e hormônios semelhantes aos já produzidos pelo seu organismo. 

Além da sincronização, a IATF também possibilita a redução de intervalos entre os partos. Ou seja, essa diminuição significa menor tempo ocioso da vaca na fazenda. Assim, ela pode produzir um bezerro por ano e permanecer seca o mínimo possível entre as duas lactações.

Todo esse processo envolve conhecimento em biotécnicas e em fisiologia reprodutiva animal. Por isso, a capacitação na área é fundamental. 

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Fontes: Cartilha Embrapa, Embrapa Gado de Corte e Revista Veterinária