Bezerros recém-nascidos: 7 cuidados essenciais para diminuir a taxa de mortalidade

O sucesso de todo o sistema de produção da pecuária, seja leiteira ou de corte, depende diretamente da obtenção de baixas taxas de mortalidade e morbidade na fase de criação. Por isso, os primeiros dias de vida do animal são os mais críticos de todo esse processo. E, devido a isto alguns cuidados são essenciais para que os bezerros recém-nascidos ganhem imunidade, não fiquem desnutridos e nem ao menos tenham infecções.

Quando o processo é bem sucedido, influencia diretamente no resultado positivo da propriedade. No entanto, esse procedimento deve começar ainda antes do nascimento: desde a alimentação e vacinação da vaca prenhe ao fornecimento de áreas específicas para elas parirem.

Nesse sentido, é fundamental que se dê uma atenção especial à saúde dos animais, principalmente em seus primeiros 60 dias de vida. Pois, o desenvolvimento das futuras vacas de leite ou o ganho de peso para corte depende essencialmente desta fase. Além disso, perdas nesse estágio dificilmente são recuperadas.

Neste artigo vamos explicar todos os cuidados necessários com bezerros recém-nascidos, incluindo a preparação para o parto. Continue a leitura!

1. Cuidados com o parto

O cuidado com os bezerros recém nascidos deve começar antes mesmo do nascimento, no momento pré-parto. Sendo assim, as vacas devem parir nos chamados piquetes maternidade, que é um tipo de local separado dos demais animais, limpo, seco e com o sombreamento adequado. Este local pode ajudar a garantir:

  • a saúde da fêmea e seu filhote;
  • condições adequadas para o desenvolvimento do feto;
  • diminuição de perdas futuras devido a erros de manejo durante a gestação;
  • diminuição do risco de reabsorção embrionária, aborto, morte da cria ou matriz.

2. Ingestão do colostro nas primeiras horas de vida

O colostro, que é o primeiro leite produzido pela vaca, possui um alto valor nutritivo e deve ser o primeiro alimento a ser consumido pelo bezerro, logo em suas primeiras horas de vida.

Isso porque um alimento rico em anticorpos que são essenciais para garantir a imunidade do bezerro recém-nascido. Principalmente, pelo fato que nos bovinos a imunidade da mãe ao filho dificilmente acontece via placenta. O bovino nasce praticamente desprotegido e isento de anticorpos. Vale destacar que o colostro é abundante em vitaminas, minerais, enzimas. Portanto, deve ser ingerido em boa quantidade e o mais rápido possível.

Os anticorpos absorvidos pelos bezerros nas primeiras 12 horas de vida, por meio do colostro permanecem na sua circulação sanguínea em média até o 4° mês de vida, quando então eles já são capazes de produzir suas próprias células de defesa. É nesta fase que os anticorpos passivos (absorvidos via colostro) vão sendo eliminados e trocados pelos que são produzidos pelo próprio animal.

É importante deixar claro que, ao nascer os bezerros, não devem ingerir nenhum tipo de alimento ou mesmo água, antes do colostro. Pois, nesse momento, o intestino delgado do animal está permeável, o que o torna altamente vulnerável às doenças intestinais, antes da ingestão do colostro.

A administração correta da colostragem deve ser em média de 10 a 15% do peso vivo do bezerros. Em um animal de cerca de 40 kg, essa quantidade varia entre 4 a 6 litros distribuído ao longo das primeiras horas. Essa quantidade é baseada na quantidade de anticorpos necessários para a prevenção de enfermidades.

3. A importância da cura do umbigo em bezerros recém-nascidos

O umbigo deve ser curado logo após a mamada do colostro, e diariamente até o seu  5° dia de vida. Isso porque os bezerros recém-nascidos ficam com uma porção do umbigo não cicatrizada exposta. Por essa razão, se não for cuidado da maneira correta pode ser uma porta de entrada para infecções e bicheiras.

A maneira mais indicada para a cicatrização do umbigo do animal é cortá-lo de 2 a 3 dedos abaixo de sua inserção. Vale lembrar que o corte não será necessário caso o umbigo seja de um tamanho menor do que isto. Em seguida, deve ser usada a solução alcoólica de iodo, com concentração entre 7% e 10% para a desinfecção da porção restante. Esse procedimento deve ser repetido ao menos duas vezes ao dia, até que ocorra a completa desidratação e queda.

Este é um procedimento simples, mas muito importante. Pois, impede a entrada e multiplicação de microrganismos responsáveis pela onfaloflebite, comumente conhecida como “inflamação do umbigo”, uma doença muito comum em bezerros recém-nascidos, que pode causar várias sequelas e afetar diversos órgãos.

4. Vermifugação e vacinação

Todos os bezerros devem ser vermifugados aos dois, quatro e seis meses de idade. E após a desmama os animais devem entrar no programa de vermifugação estratégica adotada na propriedade.

Já o protocolo de vacinação será passado pelo médico veterinário e deverá ser seguido à risca. As vacinas que devem ser aplicadas em bezerros jovens incluem:

  • raiva, à partir dos 4 meses, com reforço anual;
  • febre aftosa, aplicada nos bezerros com 3 a 6 meses;
  • brucelose, somente as fêmeas entre o 5° e 8° mês de vida;
  • carbúnculo sintomático, as 4 meses de idade e repetida a cada 6 meses até o bezerro completar 2 anos.

Outras vacinas são aplicadas somente em situações específicas, na qual o médico veterinário avalia caso a caso. Dentre elas podemos destacar:

  • paratito, duas doses aos 15 e 45 dias de vida;
  • leptospirose, a partir de 2 meses de vida, com reforço após 6 meses;
  • botulismo, com 2 meses de vida e após 4 ou 6 semanas após a primeira dosagem.

5. Atenção com a limpeza

Um ponto importantíssimo nos cuidados com os bezerros neonatos é a limpeza. Isto é, qualquer sistema de criação de bezerros deve ter como preocupação fundamental a higiene. Ou seja, os animais devem ser alojados em um local limpo, seco e bem arejado, mas sem correntes de ar.

Os utensílios, como mamadeiras e baldes para aleitamento, também precisam ser cuidadosamente higienizados. Afinal, o leite é um ótimo meio de cultura e, assim, está sujeito a carregar um grande número de microrganismos. Já os cochos devem ser limpos diariamente, para prevenir a deterioração e fermentação da ração.

6. Alimentação balanceada

A alimentação também é essencial no cuidado com os bezerros recém-nascidos. Ela deve começar ainda no período da gestação da vaca, pois assim o colostro produzido será nutritivo o suficiente, apresentando altos níveis de anticorpos necessários ao filhote, quanto após o parto. Pois, o bezerro deve receber uma dieta balanceada composta por leite, alimentos concentrados, feno e capim.

Ao investir em uma alimentação de boa qualidade você vai garantir um rebanho saudável e com qualidade. Sem contar que pode ajudar a evitar algumas doenças comuns. Veja em seguida quais são e como evitá-las.

7. Previna doenças mais comuns em bezerros recém-nascidos

Muitas doenças são bastante comuns em bezerros e podem comprometer o desenvolvimento do rebanho. Veja mais sobre as principais a seguir!

Diarreia

A diarreia em bezerros é causada por diversos agentes infecciosos como bactérias, vírus e infecção por protozoários. Ela pode ser resultado da combinação da imunidade baixa do animal, contato com agentes infecciosos e o ambiente inadequado. É uma das principais causas de perdas de animais.

Os animais com diarreia podem apresentar os seguintes sinais clínicos:

  • apatia;
  • cauda erguida;
  • fezes pastosas;
  • perda de apetite;
  • bocas e focinhos secos;
  • emagrecimento rápido.

Medidas simples, como manter o ambiente limpo e higienizado, fornecer o colostro corretamente e impedir a superlotação de bezerros evitam a enfermidade.

Pneumonia

É uma doença multifatorial, causada pela interação de um ou mais microrganismos com condições estressantes. Sua manifestação pode ser subclínica a aguda e fatal. Grande parte do aparecimento da doença, acontece quando o bezerro está entre 6 a 8 semanas de vida.

Os principais sinais clínicos da pneumonia são:

  • diarreia;
  • fraqueza;
  • febre alta;
  • secreções catarrais;
  • dificuldade respiratória.

Para evitar a pneumonia é fundamental que os bezerros estejam em um ambiente limpo, confortável e protegido das condições climáticas. Além disso, a ingestão de colostro é fundamental para sua prevenção. Outra forma de evitá-la é com vacinas que agem contra os seus agentes causadores.

Tristeza parasitária bovina

É uma doença transmitida pelo carrapato ou insetos hematófagos. Animais com baixa resistência, como os bezerros em seus primeiros meses de vida, são mais suscetíveis a apresentar a enfermidade.

Principais sinais da doença:

  • febre;
  • anemia;
  • desidratação;
  • respiração ofegante;
  • urina escura (parecida com sangue).

A principal medida para evitar a tristeza parasitária é realizar o controle efetivo de carrapatos.

Onfaloflebite

É um processo inflamatório da veia umbilical, causada pela cura incorreta do umbigo do bezerro recém-nascido. Esta infecção provoca a onfalite, que impede a cicatrização. Sendo assim, o canal do umbigo permanece aberto e facilita a entrada de microrganismos no corpo do animal.

Entre os principais sinais dessa enfermidade, podemos destacar a dor abdominal e o aumento do umbigo. Em seguida, o quadro pode gerar hepatite, peritonite ou abscesso hepático.

Para evitar esse processo inflamatório é fundamental fazer a cura do umbigo corretamente, com a desinfecção com produtos recomendados como a solução iodada.

Como você viu vários problemas com seu rebanho bovino podem ser evitados de maneira simples e rápida, caso você esteja preparado!

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Fontes: Fundação Roge e Circular Técnica Embrapa