Agricultura irrigada no Brasil: estratégias e desafios

Agricultura irrigada

A agricultura irrigada é um recurso fundamental para a produtividade, lucro e segurança da plantação. Afinal, não dá pra ficar dependendo apenas da chuva para ter sucesso na produção. 

Porém, não basta apenas ter a irrigação, é preciso saber administrá-la, pois o manejo e a gestão errada podem gerar grandes prejuízos.

Sabendo disso, preparamos este artigo para explicar porque vale a pena investir em agricultura irrigada, falar dos principais métodos e sistemas, além das estratégias e os maiores desafios desse sistema. Confira a seguir!

Agricultura irrigada

Em primeiro lugar, a irrigação é uma técnica de fornecimento de água de forma artificial para suprir a deficiência total ou parcial de água das plantas. 

Portanto, para fazer uso da irrigação em áreas agrícolas é necessário utilizar equipamentos e técnicas específicas.

A técnica de fornecimento de água tem como principais objetivos: 

  • Minimizar os riscos climáticos e meteorológicos; 
  • Aumentar a produtividade; 
  • Reduzir perdas na produção; 
  • Auxiliar na aplicação de insumos.

Atualmente o Brasil possui cerca de 7 milhões de hectares irrigados e possui a capacidade de triplicar essa área de forma sustentável. Porém, para ser eficiente, a agricultura irrigada deve ser feita com muito planejamento, monitoramento e gestão da irrigação. 

Mas, por que vale a pena investir na agricultura irrigada? A resposta é simples, a água quando fornecida da maneira correta faz toda a diferença na produtividade do setor agrícola. 

Então, o investimento é extremamente necessário nas regiões onde a escassez de chuvas é comum durante a maior parte do ano.São também muito úteis nas demais localidades, sendo usados de forma complementar nos períodos mais secos.

Principais métodos e sistemas de agricultura irrigada

A agricultura conta com quatro métodos de irrigação, ou seja, quatro modos de agir ou fazer. São eles: superfície, aspersão, localizada e subsuperfície ou subterrânea.

Já os sistemas se relacionam com a disposição e funcionamento das partes dos métodos. Sendo assim, cada método pode apresentar dois ou mais sistemas,entre eles: sulcos, inundação, gotejamento, mecanizado, micro aspersão, convencional, elevação de lençol freático e mesas de subirrigação. 

No planejamento e escolha do método e sistema ideal é preciso levar em consideração o solo, o clima, a topografia, a cultura e as fases de desenvolvimento do cultivo. Além das necessidades, objetivos e disponibilidade financeira e tecnológica de cada produtor e a disponibilidade e qualidade da água. 

Para decidir o que melhor atende suas necessidades também é preciso analisar as vantagens e desvantagens de cada um. A seleção adequada possibilita a redução dos riscos do empreendimento e proporciona uma potencial melhoria da produtividade e da qualidade ambiental. 

A seguir apresentamos cada um dos métodos e os sistemas que podem ser combinados. Confira:

Irrigação por superfície

A irrigação por superfície é o método mais antigo e mais utilizado no mundo e no Brasil. Nele a distribuição da água acontece por gravidade através da superfície do solo, ou seja, a água é aplicada diretamente no solo.

Os sistemas utilizados são os de sulcos, que podem ser construídos em contorno ou em declive, ou de inundação.

Vantagens: o método requer equipamentos simples e fáceis de operar; tem menor custo fixo e operacional quando comparada aos demais; sofre pouco efeito de ventos; não interfere nos tratos culturais; permite a utilização de água com sólidos em suspensão.

Desvantagens: a técnica depende das condições topográficas; requer sistematização do terreno; utiliza muita água; não é recomendada para solos excessivamente permeáveis; requer planejamento e manejo adequado, caso contrário pode apresentar baixa eficiência de distribuição de água; tem pouco apelo comercial, por utilizar poucos equipamentos.

Irrigação por aspersão

No método de aspersão, jatos d’água são lançados ao ar e caem sobre a cultura imitando a chuva. É recomendado para solos com alta permeabilidade e com baixa disponibilidade de água.

Os sistemas de aspersão podem ser o convencional, por aspersores comuns ou mecanizado, em autopropelidos ou pivôs.

Vantagens:  facilidade de adaptação às diversas condições de solo, topografia e culturas; maior eficiência de distribuição de água se comparado com o método de superfície; possibilidade de ser automatizado; pode ser transportado para outras áreas; as tubulações podem ser desmontadas e removidas da área. 

Desvantagens: custos de instalação e operação mais altos do que os do método por superfície; pode favorecer o aparecimento de doenças em algumas culturas e interferir com tratamentos fitossanitários; pode sofrer influência das condições climáticas.

Irrigação localizada

No método da irrigação localizada, a água é aplicada com emissores em apenas uma fração do sistema radicular das plantas, formando uma faixa úmida.

Os emissores podem ser: pontuais (gotejadores), lineares (tubo poroso ou “tripa”) ou superficiais (microaspersores).

A distribuição da água acontece através do solo, por isso, suas características físicas e estruturais é que vão definir quantos e quais emissores serão necessários para a aplicação uniforme de cada cultura.

Os sistemas mais usados são: gotejamento, microaspersão e gotejamento subsuperficiais.

Vantagens: permite automação total, o que requer menor emprego de mão de obra na operação; facilidade de instalação e reparos; evita o aparecimento de doenças por não molhar a parte aérea; o solo é umedecido na proporção correta; fornecimento regular de água até mesmo em lugares onde o recurso não está disponível em abundância; permite que o adubo seja fornecido junto com a água.

Desvantagens: O custo inicial é relativamente alto; pode apresentar problemas de entupimento de mangueiras; requer mão de obra especializada. 

Irrigação por subsuperfície ou subterrânea

No método de irrigação por subsuperfície, a tubulação e os emissores são colocados abaixo da superfície do solo. Assim a água é aplicada quase diretamente nas raízes das plantas. 

Dentro deste método existe o sistema de subirrigação, no qual o lençol freático é mantido a uma profundidade capaz de permitir um fluxo de água adequado à raiz da cultura. Nele, a zona radicular é irrigada através do controle do nível do lençol freático.  

Este método geralmente está associado a um sistema de drenagem subsuperficial. 

Vantagens: custo reduzido.

Desvantagens: necessidade de áreas planas; difícil manutenção, por estar abaixo do solo.

Estratégias

Para reduzir os custos da produção e economizar água, uma excelente estratégia é a utilização do déficit hídrico controlado na irrigação. Porém, esse tipo de manejo só pode ser feito em determinadas fases e com monitoramento para não afetar os componentes de produção. Nele é possível irrigar utilizando cerca de 80 a 90% da água que a planta realmente precisa. 

A irrigação plena também é uma alternativa. Ela consiste em irrigar a lavoura para suprir 100% da necessidade de água da planta e manter o solo sempre no ponto de sua capacidade de campo. Contudo, é preciso muito cuidado para não irrigar mais água que o solo é capaz de armazenar.

Desafios da agricultura irrigada

A irrigação é fundamental para o aumento na oferta de alimento e também para a segurança alimentar e nutricional da população mundial. Porém, o principal desafio da agricultura irrigada é produzir mais alimentos utilizando menos água, visto que a água é um recurso limitado. 

Em locais com pouca disponibilidade hídrica, os desafios são ainda maiores. Por isso, o uso racional, sustentável e o aumento da eficiência dos métodos e sistemas já existentes precisam fazer parte do planejamento dos irrigantes. Afinal, a irrigação precisa ser feita com base na necessidade hídrica da planta e não na disponibilidade de água. 

Além disso, também são desafios: a escolha do melhor método e sistemas, o investimento elevado e os custos operacionais e de manutenção de certos equipamentos, a falta de mão de obra especializada, aspectos ambientais e sociais, clima, topografia, solos ou tipos de cultura.

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Fontes: 
Aegro, Embrapa, Revista Agropecuária, Senar, Boas Práticas Agronômicas