No dia a dia da produção, muitos agricultores negligenciam a importância de um bom projeto de irrigação. Com isso, torna-se comum implantar um sistema sem levar em conta algumas particularidades de determinada cultura.
Um projeto de irrigação adequado é fundamental para a captação, a condução e a distribuição da água para a cultura de forma eficiente. Para isso, torna-se necessário avaliar corretamente parâmetros como solo, de clima, da cultura e os equipamentos mais apropriados para uma determinada situação.
Quer saber mais sobre a importância de um bom projeto de irrigação e como implantá-lo? Continue a leitura!
Projetos de irrigação
O fornecimento de água nas lavouras sempre deve ser feito de forma técnica para garantir a máxima eficiência e produtividade. Desse modo, se um sistema for construído de forma aleatória, sem levar em consideração parâmetros técnicos, o produtor não pode ter nenhuma garantia de que a cultura será atendida de forma suficiente.
Portanto, é importante ter em mente que independente do método de irrigação adotado e do sistema utilizado é preciso ficar claro que a maior eficiência da irrigação reduzirá custos de energia e consumo excessivo de água. E, o ponto de partida visando à máxima eficiência é, sem dúvida, o conhecimento pleno e integrado do sistema produtivo envolvendo, neste caso, as culturas, os métodos e sistemas de irrigação, o clima e o solo.
Também é importante ressaltar que cada projeto de irrigação é único para uma situação específica, pois ele é resultado de um estudo de parâmetros das condições climáticas, topográficas, da cultura e também do conhecimento e das decisões tomadas pelo projetista durante a execução.
Relação entre água e solo
É correto dizer que as plantas fazem parte de um sistema, conhecido como “sistema solo-água-planta-atmosfera”. A água, proveniente das chuvas ou irrigações chega até a superfície do solo, por onde ocorre a infiltração e, em seguida, o movimento vertical a partir dos poros do solo, onde fica retida. Cada solo tem uma determinada capacidade de infiltração e de retenção de água. Se considerarmos as condições extremas, ou seja, se analisarmos o comportamento esperado nos solos pesados (argilosos) e leves (arenosos) teremos as situações descritas a seguir.
Solo pesado
Nos solos pesados, a velocidade de infiltração da água através da sua superfície é bem baixa. Mas, a sua capacidade de armazenamento de água é a maior possível.
Isso quer dizer que, ao escolher os emissores que serão utilizados na composição de um sistema de irrigação, devemos optar por emissores de menores vazões. Caso contrário, corremos o risco de a quantidade de água disponibilizada pelo emissor ser maior que a velocidade com que o solo permitirá a sua infiltração.
Isso pode levar à formação de um excesso de água na superfície do solo que, com o passar do tempo, se transformará em escoamento superficial, o que é indesejável. Afinal, o escoamento superficial provoca erosão, lava o solo, arrasta nutrientes, além de representar água em excesso que foi bombeada da fonte até a área de cultivo, ou seja, é desperdício de água e de energia.
No entanto, o tempo de funcionamento do sistema, por posição, deverá ser longo, já que estes solos, também, oferecem condições para armazenar maiores volumes (ou lâminas) de água.
Solo leve
Nos solos leves (arenosos) a situação é inversa, ou seja, estes solos normalmente oferecem maior facilidade para a infiltração da água acontecer. Mas, por outro lado, apresentam baixa capacidade de retenção ou armazenamento de água. Então, estes solos possibilitam que se utilizem emissores de maiores vazões, requerendo assim, um menor tempo de funcionamento do sistema, em cada posição da área a ser irrigada.
Sistemas de irrigação
A escolha dos equipamentos que irão constituir o sistema usado no projeto de irrigação precisa ser feita com muito cuidado e critérios. Portanto, demanda um conhecimento mais aprofundado das características das culturas e dos sistemas de irrigação.
Irrigação por aspersão
Por exemplo, a irrigação por aspersão tem por característica irrigar toda a área enquanto a irrigação localizada, de modo geral, irriga frações da área, mais próximas das plantas. Diante disso, fica fácil de entender que a irrigação por aspersão é mais indicada para culturas anuais, como milho, soja e feijão. Estas culturas formam linhas relativamente próximas e as plantas são dispostas de maneira que formem fileiras contínuas ao longo das linhas de cultivo.
Além disso, a irrigação por aspersão é um sistema muito apropriado para a irrigação de pastagens. Isso porque temos praticamente toda a superfície do solo coberta pelas plantas e de áreas com cultivo de outras plantas forrageiras.
Sistemas localizados
Por outro lado, os sistemas localizados, que são aqueles que irrigam frações da área, em um primeiro momento, podem ser considerados mais indicados para culturas perenes, com maiores espaçamentos, como são as frutíferas em geral.
Nestes casos, se as plantas são cultivadas formando fileiras contínuas, como uva e café, por exemplo, podemos utilizar gotejadores, instalados ao longo das mangueiras de distribuição de água, que deverão ser posicionadas ao lado das plantas. Assim, teremos uma faixa molhada que deverá coincidir com a fileira das plantas. Mais precisamente, com a região do solo onde se encontram as raízes das plantas. Em cultivos mais espaçados como manga e goiaba, por exemplo, podemos utilizar microaspersores. Eles devem ser instalados ao lado de cada planta, irrigando assim, uma área circular ao redor de cada caule, também na região onde se encontra o sistema radicular.
De modo geral, os sistemas localizados apresentam menor consumo de água em relação a outros sistemas, como aspersão e até mesmo o pivô central. Em função da alta eficiência de aplicação de água (normalmente as perdas são minimizadas), da menor vazão requerida para o sistema e por causa da boa uniformidade de aplicação da água, sistemas de irrigação localizada vêm sendo utilizados, também, para culturas que antes eram consideradas destinadas a serem irrigadas somente por aspersão convencional ou por pivô central.
Importância do projeto de irrigação para a produtividade
As áreas irrigadas no mundo somam em torno de 20% de toda área cultivada mas, ao mesmo tempo, respondem por cerca de 40% da produção. Ou seja, é consenso que a irrigação possibilita ampliar a produção. Sendo que, em muitas regiões, como o semiárido brasileiro, é ela que viabiliza essa produção.
O Brasil é um país muito bem servido de água propícia para irrigação e, atualmente, irriga algo em torno de 5,5 milhões de hectares. Isso representa em torno de 8% da área cultivada no país. Sabendo-se que estes 8% de área irrigada representam algo em torno de 17% da produção agrícola nacional. Ou seja, a irrigação além de viabilizar a produção cumpre também um papel de resultar em aumento de produção, sem haver necessidade de incorporar novas áreas ao sistema produtivo.
Assim, em resumo, é essencial fazer uma observação detalhada de todos os fatores que envolvem a área irrigada para determinar o melhor tipo de irrigação,
Afinal, é um projeto de irrigação adequado e eficiente que vai garantir que a planta tenha acesso a quantidade de água correta para o seu desenvolvimento e produção. Ou seja, nem a mais, nem a menos.
Dessa forma, a melhor produtividade somada a redução de desperdícios de água, energia e tempo, vão gerar uma maior lucratividade para aquela produção, que é sempre o objetivo principal dos produtores.
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Fonte: Guia técnico de irrigação