Piometra em cadelas: entenda a abordagem diagnóstica e tratamentos possíveis

piometra em cadelas

A  Hiperplasia Endometrial Cística, também conhecida como piometra é uma afecção no útero que é bastante comum em cadelas adultas e não castradas. Esta é uma condição que leva a inflamação e infecção, associadas ou não a alterações sistêmicas significativas e que podem ser também fatais. Apesar de inicialmente se tratar de uma doença no trato reprodutivo, a piometra em cadelas, em seu estágio mais avançado, pode acometer também rins e fígado. 

De acordo com a sua manifestação clínica, o problema pode se apresentar de diferentes formas no organismo do animal. Portanto, o diagnóstico precoce contribui para melhorar o prognóstico dos animais tratados e diminuir a mortalidade das fêmeas afetadas. 

Neste artigo vamos abordar um pouco mais sobre a piometra, seus sinais mais frequentes, as abordagens diagnósticas e os tratamentos possíveis. 

Características da piometra

A piometra é resultado de um processo inflamatório do útero causado pelo acúmulo de secreção purulenta cuja origem provém de uma hiperplasia endometrial cística, associada a uma infecção bacteriana. Desta forma, pode-se dizer que é um processo inflamatório de origem endócrino-hormonal, que associada às infecções de origem bacteriana, formam um complexo patológico que pode evoluir para quadros graves. 

É importante destacar que a piometra é uma das patologias uterinas mais comuns. Ela acomete cadelas não castradas em média, a partir dos 5 anos de idade sendo que o risco aumenta de acordo com os níveis de estrógeno e progesterona no organismo do animal. Nesse sentido, a cada ciclo estral pelo qual passa o animal, aumenta a exposição do endométrio frente à estimulação hormonal, o que é responsável por alterações morfológicas descritas como inflamação e exsudação epitelial, tornando o útero suscetível à ação de agentes bacterianos. 

Normalmente a fonte de contaminação bacteriana é a flora vaginal, por consequência, o útero. Com a ação da progesterona há uma  inibição da resposta leucocitária normal à infecção, sendo que o principal agente causador da piometra é a Escherichia coli. 

Em linhas gerais, pode-se dizer que, ao longo dos anos, quanto mais a cadela passa pelo seu ciclo estral e manifesta o cio sem a concretização da gestação, maiores são as chances de desenvolver o problema. Do mesmo modo, a manipulação de substâncias anti-cios nesses animais também pode levar ao surgimento da patologia, uma vez que altera a fisiologia, criando um ambiente propício para bactérias. 

Sinais recorrentes da piometra em cadelas

Primeiramente, é preciso separar os tipos de piometra. A piometra aberta, é aquela cuja a cérvix permite a passagem de corrimento vaginal e os cornos uterinos se mostram dilatados. Além disso, as paredes do útero se encontram mais espessas, com hipertrofia e fibrose do miométrio. 

Já na piometra fechada, há uma distensão no útero e o endométrio se atrofia e se infiltra com linfócitos e plasmócitos, condição que pode levar a septicemia, gerando graves consequências.

Em ambos os casos, as cadelas podem apresentar apatia, anorexia e vômito. Especificamente na piometra aberta, a secreção vaginal purulenta ou com sangue é o principal sinal. No entanto, o animal pode também apresentar  febre, letargia, inapetência, poliúria e polidipsia, podendo ainda levar a diarreia e alargamento abdominal. Em casos bastante avançados, ou naqueles que não receberam um tratamento veterinário correto, pode chegar a surgir septicemia, toxemia, peritonite e insuficiência renal.  

Abordagem diagnóstica

Basicamente o diagnóstico da piometra em cadelas está dividido em anamnese, exame físico e exames complementares: laboratoriais, radiográficos, ultrassonográficos. Em geral, qualquer cadela não castrada que apresente as manifestações clínicas da patologia , independente da faixa etária, deve ser examinada com cautela.

Na anamnese é importante entender o histórico do paciente junto ao tutor e investigar o comportamento do animal. Já no exame físico é hora de observar sinais, além da secreção, como aumento do diâmetro do útero por meio da palpação abdominal, sensibilidade, desidratação e depressão do animal. Em casos mais severos, pode-se observar animais moribundos, em choque e hipotérmicos. 

A citologia vaginal é um exame importante para identificar em qual fase do ciclo estral a cadela se encontra e qual microorganismo está causando a patologia. No entanto, apenas essa avaliação não é suficiente para o diagnóstico definitivo mas, sim, para indicar a melhor terapia.  O hemograma e o leucograma podem demonstrar a presença de anemia e outras anormalidades bioquímicas decorrentes de reações do sistema imune. Em adição a isso, na urinálise pode-se identificar isostenúria, causada pela redução da capacidade de 

Na urinálise podemos revelar isostenúria causada por redução da capacidade de concentração e proteinúria causada por danos glomerulares por imuno-complexos ou por nefropatia preexistente. 

Os exames de imagem atuam no diagnóstico complementar. A radiografia permite visualizar apenas a forma e tamanho do útero, portanto, não é mais tão utilizada. Já a ultrassonografia permite obter as dimensões, graus de espessamento de parede, presença ou não de cistos e de conteúdo no interior do útero, ainda podemos observar o estado dos rins. 

De modo geral, pode-se dizer que a melhor abordagem diagnóstica no caso da piometra é associação de exames, visando obter o máximo de informações possíveis. 

Tratamentos e prognóstico

O principal tratamento em caso de piometra é a ovariosalpingohisterectomia (OSH), que geralmente resulta em rápida recuperação do animal. Na maioria dos casos, o prognóstico é bom, desde que se elimine os riscos de contaminação e haja controle do choque. No entanto, é preciso alertar o tutor sobre o fato de que a cadela não mais se reproduzirá. Podem ainda ser associados, de acordo com o estado do animal: fluidoterapia, terapia antibiótica, analgésicos.

Há ainda a possibilidade de tratamento médico que inclui a lavagem do útero, drenagem transcervical,  terapia antibiótica e administração de prostaglandinas por forma a aumentar a contratilidade do útero. Este tratamento pode ser realizado em casos pouco graves, visando conservar a fertilidade do animal. 

É importante lembrar que cadelas com piometra devem ter sua função renal monitorada também no pós operatório. Desse modo é possível detectar mais rapidamente animais com insuficiência renal aguda ou quaisquer outras disfunções renais para que o tratamento adequado seja realizado o quanto antes. 

Em geral, nas consultas rotineiras é importante orientar os tutores quanto aos cuidados com fêmeas em idade reprodutiva. Também, incentivar a esterilização por meio da castração. A castração com a técnica de gancho, por exemplo, é feita de forma rápida e o pós operatório é tranquilo para o animal. Se você quer saber mais sobre esse assunto, visite nosso artigo: >>Como funciona a castração com técnica do gancho em pequenos animais?

Fontes: Revista Portuguesa de Clínicas Veterinárias; Affinity Petcare; REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA; Faculdades Metropolitanas Unidas

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