A um ano do prazo estipulado para erradicar a febre aftosa do rebanho brasileiro, o Ministério da Agricultura dá atenção especial a 11% do rebanho nacional, formado por 200 milhões de cabeças de gado. Os 89% restantes, ou 180 milhões de cabeças, estão em regiões livres da doença. "Tudo indica que, se não houver nenhum acidente de percurso – e nos últimos cinco anos não houve -, vamos conseguir finalizar esse trabalho", prevê o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Para o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inacio Kroetz, é preciso cuidado redobrado. "Antes de terminar 2010, teremos uma estrutura de defesa agropecuária em todo o território capaz de tomar as ações necessárias para proteger o gado no caso do aparecimento da doença", disse. Para Stephanes, elevar o Brasil ao status de País livre de aftosa com vacinação dará uma condição melhor à comercialização da carne bovina no mercado internacional. O ministro lembra que alguns países importadores do produto não reconhecem a determinação da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) de liberar a comercialização por regiões. É o caso do Japão. Os dados do Ministério apontam que 174 milhões de animais estão em área livre de aftosa com vacinação, enquanto 22 milhões estão localizados em zona não livre. Apenas Santa Catarina é reconhecida como área livre sem vacinação. O rebanho desse Estado é formado por quatro milhões de cabeças. A maior parte do Estado do Amazonas é classificada como área de risco desconhecido, bem como todo o Amapá. Além disso, Roraima e o norte do Pará são avaliados como regiões de alto risco, enquanto o nordeste deste Estado é classificado de nível médio e a outra metade está livre da doença com vacinação. No final do mês passado, Paraíba e Piauí foram elevados na classificação sanitária de "áreas de risco desconhecido" para "áreas de risco médio". O Ceará obteve este status na terça-feira (22). Também estão com este selo Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas. Apenas Santa Catarina é considerada zona livre sem vacinação. Os demais Estados erradicaram a doença, mas precisam seguir imunizando seus rebanhos, pelos menos, duas vezes ao ano. GTA O primeiro passo do Programa de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa foi o amparo legal realizado pelos Estados. Depois, as unidades federativas precisaram cadastrar as propriedades e realizar inventário animal por espécie e finalidade. Por fim, é preciso fazer um controle rigoroso do trânsito dos rebanhos, tarefa que deve ser permanente. "O que me dá a garantia da não continuidade da aftosa não é a vacinação, é o controle de trânsito, que não ocorre apenas no momento da vacinação", explicou o secretário de Defesa Agropecuária. "A Guia de Trânsito Animal (GTA) é o grande instrumento do combate", continuou Kroetz. Segundo o secretário, já é possível diagnosticar o problema e extinguir o foco de contaminação em 24 horas. "Hoje já é factível voltar a identificar como reconhecidamente livre de febre aftosa uma região 60 dias após registrar e anular a ocorrência." Para fiscalizar a movimentação do gado pelo Brasil, os Estados possuem postos fixos e móveis em vários pontos estratégicos do País. Nas fronteiras com países vizinhos, o controle cabe ao governo federal, via Ministério. "A nossa grande preocupação é com a fronteira, principalmente com a Bolívia", salientou Stephanes. O secretário Inácio Kroetz explicou que o Brasil possui um programa que conta com a doação de 2 milhões de doses de vacina contra a febre aftosa ao país vizinho. Além de ser "uma boa ação", a oferta é vista como uma estratégia de proteção do rebanho doméstico. Isso porque, quanto mais imunizado estiver o gado vizinho, menores são as chances de contaminação dos animais brasileiros.