Representações econômicas do rural brasil

O Conselho Superior de Agricultura e Pecuária do Brasil, denominado Rural Brasil, tem por objetivo constituir um fórum coordenador de todas as entidades representativas do setor primário, harmonizando as posições de interesse comum e reforçando as de caráter específico dos seus sub-setores. Presidido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é integrado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Sociedade Rural Brasileira (SRB), Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), União Brasileira de Avicultura (UBA) e Conselho Nacional do Café (CNC). A congregação dessas entidades no Rural Brasil visa fortalecer o setor rural com um todo e dos sub-setores em particular. Ao reunir estas entidades do setor primário da agropecuária nacional, o Rural Brasil responde majoritariamente pela renda e valor bruto da produção, pela produção, exportação e geração de empregos do setor rural. 1 – Renda e Valor Bruto da Produção (VBP) A estimativa de variação do PIB do País é de queda de 0,73%, conforme estimativa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o primeiro trimestre do ano. Não fosse a taxa de crescimento da renda do setor rural de 3% para o primeiro quadrimestre do ano, de acordo com a pesquisa CNA/CEPEA, certamente a situação da renda do País teria se agravado ainda mais. Nesse cenário, vale ressaltar o efeito multiplicador que tem a renda agropecuária nos demais setores da economia. Embora o PIB da agropecuária, estimado em R$ 102,4 bilhões, participe com apenas 7,8% do PIB brasileiro, cada R$ 1,00 de renda gerada dentro da porteira gera mais R$ 2,42 de renda nos demais setores da economia, isto é, na indústria de insumos, na indústria de processamento de produtos agropecuários e nos serviços agregados a essas atividades. O faturamento bruto, no conceito de Valor Bruto da Produção (VBP), considerando os 25 produtos agropecuários mais expressivos, está estimado em R$ 101,5 bilhões, sendo que a agricultura participa com R$ 61,1 bilhões e a pecuária com R$ 40,3 bilhões. 2 – Produção Agropecuária A forma tradicional de representar a produção agrícola pela safra de grãos desconsidera não apenas a produção pecuária mas, também, a produção de outros produtos agrícolas importantes e de grande significação econômica para o setor rural e para a economia do País, tais como a laranja, cana-de-açúcar, frutas e tubérculos. Considerando as vinte principais culturas agrícolas e a produção de carnes bovina, suína e de aves, a produção primária rural é estimada em 534,4 milhões de toneladas em 2002, com aumento de 4,4% em relação ao ano anterior, na qual a cana-de-açúcar responde por 67,7% do total produzido. A produção pecuária de carnes é projetada em 17,1 milhões de toneladas em 2002, sendo que a produção de carne bovina é de 7,1 milhões de toneladas, a produção de aves é de 7,6 milhões de toneladas e a produção de carne de suínos é de 2,4 milhões de toneladas. A produção primária representada pela safra de grãos e fibras, está estimada em 98,5 milhões de toneladas para a safra 2001/2002, conforme estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentando pequeno crescimento de 0,2% em relação à safra anterior. 3 – Balança Comercial A agropecuária brasileira é o setor mais competitivo da economia nacional e também o mais aberto. Cerca de 20% da produção agropecuária é exportada. O setor agropecuário é o único setor da atividade econômica que tem superávit na relação de comércio internacional. Em 2001, a balança comercial da agropecuária registrou saldo de US$ 19 bilhões, com exportações de US$ 23,9 bilhões e importações de US$ 4,9 bilhões. O complexo soja, principal item da pauta de exportações do setor agropecuário, exportou US$ 5,22 bilhões em 2001, contra US$ 4,15 bilhões no ano anterior e neste ano de 2002, deverá exportar cerca de US$ 5,6 bilhões. As exportações de carne apresentaram crescimento expressivo em 2001. O valor das exportações avícolas cresceu 59,3%, atingindo US$ 1,4 bilhão. As exportações de carne bovina aumentaram 27,9%, com exportações no valor de US$ 1 bilhão. As vendas externas de carne suína aumentaram 112,8%, totalizando exportações no valor de US$ 346,4 milhões. Vale destacar as exportações de couro que atingiram US$ 956,3 milhões, praticamente o mesmo valor das exportações da própria carne bovina. O principal mercado de destino das exportações agropecuárias é o mercado europeu que participa com 45% do total das vendas externas brasileiras. O continente asiático é segundo participando com 16%, enquanto que os países que formarão a futura ALCA, excluindo o Mercosul, participa com 15%. O Mercosul participa com 5% do total das exportações brasileiras da agropecuária. No primeiro semestre de 2002, a balança comercial da agropecuária registrou um saldo de US$ 5,81 bilhões. A despeito da queda dos preços internacionais de produtos importantes da pauta de exportação, principalmente das carnes, café e açúcar, espera-se que o setor agropecuário possa repetir a excelente performance do ano passado, compensando redução dos preços pelo aumento dos embarques neste segundo semestre do ano. 4 – Geração de Emprego A atividade agropecuária, segundo informações do IBGE levantadas pela Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD), é o ramo da atividade econômica que mais ocupa mão-de-obra. A última pesquisa que data de 1999, indicou que a agropecuária ocupava 17,4 milhões de pessoas, respondendo com 24,2% do total da mão-de-obra ocupada no País. A atividade agropecuária além de ser o setor que mais ocupa mão-de-obra, é o que mais rapidamente responde aos investimentos realizados e o que tem o maior multiplicador de geração de empregos por aumento da demanda final. Para cada R$ 1 milhão de demanda final de produtos agropecuários, isto é, de vendas internas ou de exportações, a agropecuária gera 325 empregos. A construção civil que é um setor importante na geração de empregos consegue gerar apenas 197 empregos. No período de janeiro a junho de 2002, a atividade agropecuária foi responsável pela contratação formal de 552,2 mil empregados, apresentando um resultado positivo entre contratações e demissões nesse período de 207,6 mil novos empregos. Apenas em junho, o setor contratou 117,2 mil empregados, o que corresponde a 15% de todas as contratações realizadas no País. Dessa forma, pode-se afirmar com exatidão que o setor agropecuário foi responsável pela geração de 30% dos empregos do País. Vale ressaltar a importância da agropecuária como atividade de fixar o homem no campo, reduzindo as pressões sociais nos centros urbanos, contando ainda com grande capacidade de absorver contingentes com baixa formação escolar mas que exige a qualificação profissional para o bom desempenho das atividades.

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