Negociadores brasileiros na OMC e o setor agrícola comemoraram ontem (23) uma concessão dos EUA em relação aos subsídios que a Casa Branca concede a seus fazendeiros. Os americanos concordaram com o cálculo pedido pelo Brasil e outros países emergentes para estabelecer o teto dos subsídios agrícolas por produto. Segundo cálculos do Itamaraty, a medida permite reduções de até 30% na ajuda doméstica aos quatro produtos que mais interessam ao Brasil: milho, arroz, soja e algodão. Um dos negociadores brasileiros explicou que a concessão americana é uma grande notícia, pois estabelece limites para os subsídios que dificultam a entrada dos produtos brasileiros em mercados importantes. Pelas regras em vigor, os EUA podem conceder até US$ 19,1 bilhões em subsídios a um produto agrícola. A nova proposta reduz esse valor a US$ 7,6 bilhões e não pode mais privilegiar um único produto. Embora o número mais falado sobre os subsídios seja o de US$ 15 bilhões- teto geral oferecido pelos EUA-, o setor agrícola brasileiro estava mais preocupado com os limites impostos por produto. Era isso, afirmavam especialistas do Ministério da Agricultura e do setor privado presentes em Genebra, que determinaria os benefícios para o setor. Ao anunciar a oferta americana, na terça-feira (22), a representante do Comércio dos EUA, Susan Schwab, negou-se a detalhar os tetos por produto. Mas reiterou que exigiria, em troca, mais acesso a mercados industriais de emergentes e a garantia de que os subsídios americanos não sejam questionados no futuro na OMC. "O teto geral poderia ser de até US$ 20 bilhões, o que não seria bem-vindo. Mas o mais importante eram os limites por produto", disse Luiz Cláudio Carmona, coordenador-geral de assuntos multilaterais do Ministério da Agricultura. As informações são do jornal Folha de São Paulo.